quinta-feira, 23 de junho de 2011

O Mundo Coberto de Penas

Ele queria falar
Mas não tinha voz
O que falar?

Bruto não fala
Bicho não fala
Fabiano não fala

Um grito corta o silêncio rotineiro
A noite se esvai, assim como o grito
E nada muda

O mundo está coberto de penas
Ô dó!


Fiz esse poema ano passado, quando li Vidas Secas, do Graciliano Ramos. O livro me marcou, assim como seus personagens. Aliás, o título "O Mundo Coberto de Penas" era o título original do livro e o nome de um capítulo. Agradeço à minha antiga professora de Literatura, Gisele, por ter recomendado a leitura.

domingo, 19 de junho de 2011

PA (lavras) RA LEMBRAR!

(Obs: Esse texto é da Hara, foi postado pela Meri pq a Hara ta sem net ;)



Gravarei essa imagem para sempre, pois temo que possa esquecê-la um dia.

Lá fora, tudo está escuro. Mas não um escuro assustador... apenas escuro, como uma noite fria de outono deveria estar. As pequenas e numerosas estrelas sorriem felizes por prevalecerem quando a lua se esconde. Uma noite bela, antecedida por um dia belo. O sol brilhou forte, e enquanto eu estudava em um lençol estirado na grama, fez questão de ferir a minha pele, que por incrível que pareça, passou de jambo para vermelha, num gesto de protesto aos maus tratos.

Analiso o ambiente em que me encontro. Dentro da calma escuridão, brilha através das frestas das janelas uma luzinha amarelada e simpática, que transmite o aconchego presente no interior da casinha simples e antiga. Na sala repleta de cores, livros e fotografias, minha mãe e meu irmão caçula assistem noticiário, agradecendo o entretenimento de cada dia. Com a porta lilás fechada, o som fica abafado, o que permite que minha concentração não falhe, O quarto está na constante desordem: roupas sujas em um canto, limpas no outro; gavetas abertas e, sobre todas as superfícies possíveis, desde a cômoda até a parte de cima do beliche, uma anarquia de cosméticos, acessórios, livros e objetos interessantes (dentre eles um rádio-relógio, uma xícara vazia, um disco dos Beatles, fotos dos mesmos, uma luminária com a cara do “Pânico” e três berrantes.).

Obviamente a cama está desarrumada, e é sobre ela que estou neste exato momento escrevendo quando deveria estar estudando físico-química. Aliás, eu comecei a escrever após me olhar no espelho oval e concluir que daqui a 10 anos eu serei extremamente diferente. E essa diferença vindoura me assusta um pouco. Um dia acordarei e não terei mais blusões masculinos, unhas azuis, cabelos desgrenhados e pulseirinhas praianas apodrecendo em meus pulsos. Eu não terei mais o casaco do meu ex-namorado (que, aliás, preciso devolver!), não tomarei xícaras e xícaras de café para que o sono não atrapalhe os meus estudos, não serei tão desorganizada e muito menos deitarei no sol até que minha pele proteste, pois temerei as rugas. Não ligarei para casa pedindo dinheiro para o ônibus e não ficarei horas e horas refletindo sobre o que será de mim quando eu crescer. Porque um dia, eu vou estar “crescida”. E o que me conforta é que eu sempre terei o meu cantinho aconchegante em meio à escuridão, repleto de amor, carinho e palavras. Palavras para escrever, para ler e para permanecerem caladas quando necessário. Palavras transmitidas por gestos e olhares, e palavras que me recordem o quão jovem e tola eu fui, o quanto eu amei e fui amada.

Será que as palavras serão o meu pão de cada dia? Eu realmente espero que sim. Mas se não forem, já estarão fazendo seu papel mais importante. A cada palavra proferida, um pedaço de mim se faz registrado...

A delícia do viver se resume nisso, não? Fazer a própria história e se tornar um marco na história alheia!

Beijinhos, Hara ;*

P.S: De boa na ADG, não me exclui não L Eu estou ausente mas eu te amo!!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Learning to Fly

Era uma vez uma pequena menina, chamada Lucy. Seu sonho era voar. E em seus inocentes 5 anos ela não acreditava nas palavras de seus pais que lhe diziam que seu sonho era impossível. Enquanto dormia, sonhava ser uma linda princesinha que pulava de sua torre e durante a queda ganhava asas lindas como as de uma fada e sobrevoava por seus domínios.
Lucy, certa manhã, decidiu que ia provar a seus pais que estavam errados, e que quando ela se jogasse de sua janela, no 8º andar, suas asas iam aparecer e ela iria voar.
No entanto, ela estava no mundo real, um mundo cinza e poluído, muito diferente dos seus sonhos. Era impossível algo tão belo como asas serem dadas a humanos que não compreendem a beleza do vôo e da natureza em si.
E Lucy em sua ilusão infantil e ingênua, pulou da janela de seu quarto, sentiu o vento bater em seu rosto e esperou as suas asas aparecerem... Ela fechou os olhos e acordou em um mar de nuvens feitas de algodão, voando... Muito longe de seus pais, e do mundo cinza no qual viveu por 5 anos.