quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Panorama

Uma bolha de sabão
Passeando pela rebentação
Olho ao longe um barco a vela
Sento-me à janela

As horas se vão
Mergulho no mar da solidão
Me afogo no tempo
que já passou...
Penso no mundo que estou
Vejo inércia e acomodação
Vejo egoísmo e alienação
Vejo cinzas, tudo cinza...
Onde está o verde que ali estava?
Onde está o sabiá que ali cantava?
Foi-se, foram-se, como a bolha de sabão...

Olho a paisagem
Um mendigo de passagem
distribui rosas aos passantes
Arrancando sorrisos relutantes
das almas errantes que por ali vagavam.

Vejo o mendigo das flores com seu violão,
lhe peço uma canção,
lhe dou um tostão
e vou-me, na contra mão da multidão.

E ao passar por uma construção,
eis que vejo um botão
de uma rosa vermelha
no meio do concreto.

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